A paraibana Silvana Pilipenko, de 53 anos, brasileira que estava desaparecida na Ucrânia com o marido e a sogra, contou como foram seus últimos dias em território ucraniano. Em um vídeo publicado nas redes sociais, na manhã desta quinta-feira, a artesã falou sobre a situação dos ucrânianos na cidade de Mariupol, um dos principais alvos da ofensiva russa. Há dois dias, ela e a família estão na Península da Crimeia, região cedida à Ucrânia no período soviético e que foi anexada pela Rússia em 2014.
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— Nós estamos bem. Saímos do território ucraniano tem dois dias. Estamos na Crimeia, em um pequeno vilarejo. Eu, minha sogra e meu marido estamos fisicamente bem, mas emocionalmente abalados. Precisamos de um tempo para nos reconstruir. Foram dias difíceis, muito difíceis— relatou a brasileira.
— Eu agradeço por cada oração de vocês, pelo empenho de vocês porque eu tenho certeza de que as orações foram parte fundamental para que a nossa saída tivesse êxito. Eu peço a cada um de vocês que continue orando pelo povo ucraniano, porque é uma situação muito delicada.
Em um breve relato de como tem sido para quem mora em Mariupol, Silvana fez um apelo:
— Quem está lá não vê muita saída, não tem muitas escolhas. Continue orando para aquele povo para que continue sendo forte, continue resistindo e continue sobrevivendo a essa guerra — frisou a artesã.
Sem data para retornar ao Brasil, ela conta que pretende voltar em breve.
— Em breve estaremos no Brasil. Ainda não temos data definida, mas eu penso que em breve estaremos aí— disse.
Encontro
A família estava sem contato com Silvana desde o dia 2 de março.Logo nos primeiros dias dos ataques, a brasileira demonstrou preocupação, mas não deixou Mariupol. Ela estava em casa com o marido, o ucraniano Vasyl Pilipenko, e a sogra de 86 anos.
— Eles estavam dentro da Ucrânia. Meu sobrinho contratou um motorista para entrar lá e eles estão indo para Crimeia — contou Mere.
Mariupol, cidade estratégica litoral no Mar de Azov, contíguo ao Mar Negro, está sob cerco da Rússia há quatro semanas, e as forças russas já controlam quase todo o município. O prefeito ucraniano da cidade estima que 5 mil pessoas morreram durante o cerco.
Se controlar a cidade, Moscou pode estabelecer um corredor terrestre e entre a região de Donbass, no Leste da Ucrânia, onde atuam separatistas pró-Moscou, e a Crimeia, no Mar Negro.