O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta 5ª feira (11.mar.2021) a adoção de medidas restritivas de circulação adotadas por governadores para conter a pandemia de covid-19. As declarações foram feitas em encontro virtual da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa.
“Começamos este ano, como estamos vendo em alguns Estados no Brasil, novas medidas seriamente restritivas, até para cancelar o futebol”, disse o presidente. “Até quando vamos aguentar isso aí?”, continuou.
Bolsonaro direcionou as críticas aos governos de 2 Estados que adotaram nos últimos dias medidas de isolamento social mais restritivas: Distrito Federal, governado por Ibaneis Rocha (MDB); e São Paulo, governado por João Doria (PSDB).
Doria anunciou nesta 5ª feira (11.mar.2021) restrições mais severas para o período de 15 a 30 de março para conter o avanço do coronavírus no Estado. Ibaneis Rocha decretou toque de recolher em Brasília, das 22h às 5h, também para barrar a alta de infecções, internações e mortes.
Segundo Bolsonaro, a decretação de lockdown é “irresponsabilidade“. Sobre as medidas anunciadas pelo governador Doria, para o presidente, há uma “tremenda ambição”.
“Nós aqui buscamos salvar emprego na ponta da linha e um ou outro, como o de São Paulo, por exemplo, vai para a destruição”, afirmou.
“Não vou falar que não tem coração. Coração, [Doria] já demonstrou que não tem. Agora tem uma tremenda ambição, parece que tem gente que está lutando pelo poder e só consegue atingir a figura do presidente da República se continuar tomando medidas como essas”, declarou, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro voltou a dizer que o governo federal busca adquirir a maior quantidade de vacinas contra o coronavírus.
“Lamento todas as mortes que ocorrem, lamento essa desgraça que se abateu sobre o mundo, mas temos que olhar para frente, buscar minimizar a dor dessas pessoas, buscar maneira de salvá-las, com vacina, como disse no começo. Toma vacina“, disse.
O chefe do Executivo disse em seu discurso que um possível colapso econômico e social pode acontecer caso medidas de isolamento continuem sendo adotadas.
“Do lado de cá, nós continuaremos fazendo nosso trabalho. Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Porque se colapsar vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações, aonde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela. Não é um desabafo, isso é uma realidade”.
Mudanças em São Paulo
Nesta 5ª feira (11.mar), foi anunciada uma “fase emergencial”, uma nova classificação do Plano São Paulo, mais rigorosa, com restrições para o funcionamento de serviços essenciais. O governo também excluiu alguns serviços da lista de essenciais.
A retirada de produtos e alimentos em comércios ficará proibida e lojas de materiais de construção deverão ficar fechadas. As possibilidades permitidas são o drive-thru ou o delivery, que poderá funcionar por 24 horas.
O teletrabalho será obrigatório nas atividades administrativas não essenciais, em órgãos públicos ou escritórios.
O Estado adotará toque de recolher de 20h às 5h. “Não se trata de um lockdown”, disse Doria.
Segundo o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. desobedecer o toque de recolher não vai dar em multa. Agentes das polícias Civil e Militar farão uma fiscalização e vão “desencorajar” a permanência das pessoas nas ruas.
Também passa a ser proibido a permanência em praias e parques estaduais.
O transporte público continuará funcionando com 100% da frota. A recomendação para evitar aglomerações é adotar um escalonamento nos horários de entrada de trabalhadores: para a indústria, das 5h às 7h; para serviços, das 7h às 9h; e para o comércio, das 9h às 11h.
São Paulo também proibiu cultos e missas durante a fase emergencial. Será permitido que pessoas entrem e rezem nas igrejas, de forma individual.
Jogos de futebol serão suspensos. Vai afetar partidas do Campeonato Paulista. Os jogos de times de São Paulo na Copa do Brasil serão transferidos para outros Estados. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, havia feito a recomendação ao governador na 3ª feira (9.mar).