Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um colchão lavador à base de microemulsão capaz de remover o reboco formado por fluidos resultantes da perfuração de poços petrolíferos. O invento, com patente registrada pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova), compreende uma mistura constituída de uma fase aquosa salgada, uma fase oleosa (óleo vegetal) e um tensoativo não-iônico. O produto poderá ser usado na limpeza de poços para extração de gás e petróleo durante o processo de construção. O procedimento é de extrema importância na etapa de cimentação.
A pesquisadora do Laboratório de Petróleo da UFPB, Fabíola Curbelo, explica que o objetivo da cimentação é proteger o revestimento metálico instalado no poço, impedindo o movimento do fluido através do espaço anular, como também interrompe a migração do fluido para possíveis fraturas na formação. De acordo com a pesquisadora, o colchão lavador é bombeado à frente da pasta de cimento, durante a operação de cimentação de poços petrolíferos, com o intuito de remover o reboco anteriormente formado pelo fluido de perfuração não aquoso, a fim de propiciar uma cimentação eficiente, livre de depósitos sólidos resultantes da perfuração.
“A cimentação é uma das fases mais importantes do processo de construção de poços de petróleo e visa isolar hidraulicamente diferentes zonas de interesse que possam ter sido expostas durante a sua perfuração”, diz.
O colchão lavador desenvolvido na UFPB apresentou eficiência de 100% na remoção de fluido de perfuração não aquoso em testes de Procedimentos e Métodos de Laboratório destinados à Cimentação de Poços Petrolíferos (Procelab). A aplicação possui vantagens operacionais e ambientais, devido a constituintes biodegradáveis e não inflamáveis. Por usar tensoativo e óleos facilmente obtidos, mesmo em escala industrial, apresenta baixo custo de fabricação. O colchão lavador ainda apresenta estabilidade, baixa tensão interfacial e alto poder de solubilização de substâncias, sejam elas aquosas ou oleosas (naturais ou sintéticas), o que possibilita facilidade de remoção do reboco da formação rochosa e inverter a molhabilidade para condição natural.
A inovação pode ser aplicada em diferentes ambientes de pressão e temperatura. “Uma das maiores vantagens do colchão é que ele é biodegradável, não agride o meio ambiente. Isso se deve à sua constituição por óleo vegetal e tensoativos biodegradáveis”.
Com a patente registrada, a equipe busca empresas interessadas na produção e aplicação do fluido. “O que eu quero mais, agora, é aplicar, pois as patentes têm tido resultados bem promissores”, afirma Fabíola Curbelo. Também assinam a patente os inventores Alfredo Garnica, Júlio Freitas, Glauco Braga, Elayne Araújo e Edson Araújo.