A liga francesa de futebol vai decidir hoje (16) qual será a punição do caso de racismo denunciado por Neymar no final de semana. O brasileiro do Paris Saint-Germain acusa o espanhol Álvaro González, do Olympique de Marselha, de tê-lo chamado de “macaco” no clássico entre os times. Para tomar a decisão, no entanto, o Comitê Disciplinar ainda busca imagens nas quais fique clara a ofensa racista.
O entendimento da liga francesa é que a acusação de Neymar precisa de provas. A entidade ainda não se posicionou de forma oficial, a despeito de toda a repercussão da denúncia feita pelo brasileiro. O julgamento do caso pode nem mesmo acontecer.
Em um clássico marcado também por cinco expulsões, Neymar ainda será julgado pelo tapa na cabeça em Álvaro no fim do jogo. O brasileiro tem pena mínima prevista de dois jogos, por ter recebido cartão vermelho diretamente. Ela ainda pode ser ampliada até sete partidas de suspensão caso a análise seja de comportamento violento.
“Nós estamos preocupados com essa decisão [o julgamento de Neymar]. Muito preocupados, pois não sei se o contexto do jogo vai ser levado em consideração. Nós estamos nervosos sobre que decisão da liga pode tomar sobre as punições. Isso é claro”, disse o treinador do PSG, Thomas Tuchel, ontem (15).
O caso de racismo denunciado por Neymar não aparece nas imagens da transmissão oficial da partida na França, feita pelo canal Telefoot. A discussão com Álvaro acontece em parte dela com o espanhol de costas para as câmeras. O zagueiro do Marselha diz ser inocente, sendo retrucado por Neymar.
“Você não é homem de assumir teu erro, perder faz parte do esporte. Agora insultar e trazer o racismo pra nossas vidas não, eu não estou de acordo. Eu não te respeito! Você não tem caráter! Assume o que tu fala, mermão … seja homem, rapá! Racista”, comentou Neymar em um post do espanhol no Instagram.
Em uma tentativa de aliviar o cenário de punição a Neymar, o PSG contratou uma equipe de peritos em leitura labial para análise das imagens das transmissões da Bein Sports, uma das detentoras dos direitos do Campeonato Francês. O clube já saiu em defesa do brasileiro em um posicionamento oficial.
“O Paris Saint-Germain apoia fortemente Neymar Jr., que revelou ter sido vítima de insultos racistas de um jogador adversário. O Paris Saint-Germain lembra que não há lugar para o racismo no futebol, na sociedade ou nas nossas vidas, e encoraja todos a se manifestar contra todas as formas de racismo no mundo inteiro”, comunicou o clube.
“Álvaro González não é racista, ele nos demonstrou isso com seu comportamento diário desde que chegou ao clube, como seus colegas já testemunharam. O clube permanece à disposição do Comitê Disciplinar para cooperar inteiramente com a investigação de todos os eventos que marcaram o encontro, e as 24 horas que precederam também”, se posicionou o Olympique de Marselha logo depois.
O ato de racismo sofrido por Neymar o engajou em campanhas na rede social. O brasileiro pediu a “pacificação” do movimento antirracista e disse se arrepender de ter agido com violência, explicando que agrediu o adversário apenas diante da omissão dos árbitros da partida.
“No nosso esporte, as agressões, insultos, palavrões, são do jogo, da disputa, não dá pra ser carinhoso. Entendo esse cara em parte, faz parte do jogo. Mas o preconceito e intolerância são inaceitáveis”, escreveu Neymar.
O texto de Neymar é visto pelo PSG também como algo capaz de aliviar uma penalização grande por conta da expulsão. O clube quer que Neymar cumpra apenas uma partida de suspensão, contrariando assim até mesmo a pena mínima do regulamento, e esteja liberado para encarar o Nice, no final de semana.