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João Pessoa

Jogue as sacolas

Você já caminhou com algumas sacolas de supermercado cheias? Lembra que quanto mais anda, mais pesadas as elas ficam? Prendem a circulação e deixam uma sensação terrível. E o interessante é que quanto mais caminhamos com aquele peso, mais distantes parecemos estar do nosso destino final.  Provavelmente numa dessas caminhadas com peso, alguém chegou, lhe ajudou a levar as sacolas e aliviou suas dores. Você continuou tendo que caminhar, mas foi mais fácil prosseguir.

Já leu Mateus 11.28-30? Vamos ver juntos?

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

O povo Judeu era oprimido sob dois aspectos: 1. Pelo Império Romano que dominava o mundo conhecido. 2. Pelos líderes religiosos (Fariseus) que impunham sobre a nação pesos difíceis demais de serem carregados. Acredito que Jesus aqui combate diretamente os pesos “da religiosidade”.

Nos versos 16-18 o Senhor fala claramente contra quem particularmente chamo de “Resmungões da Fé”. Eles simplesmente reclamam de tudo.  Nunca estão satisfeitos e são excelentes acusadores.  Em suma, um povo meramente religioso e de uma religiosidade inquisidora e insatisfeita. Nada muito diferente dos dias atuais.

Após os versos que já lemos, somos levados a perceber um “perrengue” entre Jesus e os fariseus em virtude de uma colheita de cereais feita no sábado, o descanso segundo a lei de Moisés.

Vamos conversar um pouco sobre esse “convite”… Parece-me que aqui, Cristo está preocupado em combater o que chamo de “Escravidão da Fé”.

O filho do carpinteiro está convidando seus ouvintes a pararem de carregar pesos que não fazem parte do que é necessário em sua caminhada de fé. É como se estivesse dizendo assim: “Ei, sei que vocês já cansaram e não aguentam mais isso que estão lhes impondo. Eu tenho outras “sacolas”. Venham comigo. ”

O Senhor se denomina como manso e humilde de coração. Ou seja, Jesus ia exatamente na contramão da maior mazela para a vida de um servo de Deus, a RELIGIOSIDADE! Os religiosos eram arrogantes, soberbos, orgulhosos das suas leis, normas e tradições antigas. Estavam mais preocupados em impor normas baseadas em suas interpretações da lei; interpretações totalmente desprovidas de graça e misericórdia. Por isso eles eram rápidos em condenar, impunham cargas além das forças e eram cheios de arrogância.

Cristo oferece não uma vida de facilidades, ao contrário, a Escritura nos convida a viver uma fé que deve estar disposta a ir da bonança à mais avassaladora tempestade, mas com a convicção real de que Ele está conosco em todo tempo. O apóstolo Paulo é bastante claro quando falar dos próprios sofrimentos e da alegria em meio a eles. Veja a Carta aos Filipenses.

Mas apesar dos sofrimentos que poderiam vir, Jesus chama para uma relação de descanso, refrigério e paz. Costumo dizer que esse texto é o Salmo 23 do Novo Testamento. Nele somos levados a uma relação de intimidade com Aquele que é o Alto e Sublime que habita a eternidade, mas que também é o Pastor Emanoel, o Deus conosco que se relaciona em intimidade com seus discípulos. Ele não abre mão em tempo algum de ser o que é, mas ao ser Deus conosco, tem compaixão, sente as nossas dores como se fora dele. Ele as fez dele! Por isso, pode chorar ao ver a dor de uma viúva que perdera seu único filho (Lucas 7.11-16). Por isso, mudou a história dela e a nossa.

Provavelmente na sua caminhada fé, pessoas tem lhe imposto pesos demasiados, proibições, correntes, libertações, acusações, dízimos dos dízimos, ofertas especiais, tradicionalismo tosco e toda uma gama de armadilhas que lhe prendem, amedrontam e escravizam às prisões da religiosidade. Mas Cristo lhe convoca para uma mudança de rumo, para uma troca de peso, para um aprendizado novo.

Troque as mazelas, as dores, as falsas alegrias, o emocionalismo, o tradicionalismo da religiosidade, pela alegria de viver feliz, por andar com o Cristo que levou sobre si suas dores, por estar na companhia d’Aquele que não lhe impõe pesos além do que você possa suportar. Ande com o manso e humilde de coração.

Esqueça o que a religiosidade cheia de ritos, regras separadas da Escritura, ordens, ameaças, enfim… esqueça tudo isso. Aprenda com Cristo que é manso e humilde de coração.

Há sim pesos, há sim um discipulado. Ele mesmo disse: “Quem quiser vir comigo, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).  Cristo não oferece um cristianismo vagabundo de “soluções imediatas”. Ele nos convida para uma vida de aprendizado e fé. Certamente nessa caminhada seremos moldados, teremos que fazer escolhas pela mudança de nossa mente (Rm 12.1,2), mas em tempo algum isso é sujeição aos “senhores da fé”.

Tenha certeza que o grande peso, a grande condenação, a “sacola” mais pesada, aquela que você não poderia levar, Ele já levou. Ele se deu na Cruz, foi ultrajado, moído, humilhado para que ninguém mais lhe oprima. Então fuja desesperadamente dos braços da religiosidade e aninhe-se nas garras da graça. Corra esperançosamente e como adorador simplesmente adore ao Pastor que é Deus.

Lembra das sacolas pesadas? Os ritos (sejam quais forem os ramos do cristianismo que você vive), as buscas pelo “sobrenatural”, o tradicionalismo, as curas, as libertações, as revelações que nada revelam, as profetadas, as proibições, ordens, as coberturas espirituais, as músicas de autoajuda gospel, enfim, toda essa “parafernalha” da religiosidade são pesos desgraçadamente terríveis. Eles dificultam a caminhada, trazem dores à alma e nos afastam do Cristo que liberta.

Ame a Palavra de Deus. Ela é a verdade. Conheça a verdade, ela lhe libertará e você realmente será livre. A Bíblia nos libertará da opressão religiosa.

Ei, vamos caminhar com Cristo? Vamos deixar as sacolas inúteis?

Que Ele nos cuide!

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