Agências de inteligência dos EUA revelaram que um general chinês ordenou o ataque a soldados indianos no vale de Galwan na semana passada, informou o U.S. News & World Report. O conflito brutal entre forças chinesas e indianas, na região fronteiriça contestada do norte da Índia e sudoeste da China, matou dezenas de pessoas e aumentou dramaticamente as tensões entre os dois Estados.
Segundo o The Hindu, os serviços de inteligências dos EUA afirmaram que o general Zhao Zongqi, chefe do Comando do Teatro Ocidental das Forças Terrestres do Exército de Libertação Popular, foi quem deve ter aprovado a operação.
Segundo o jornal, um fonte informou que Zhao Zongqi já supervisionou impasses anteriores com a Índia e deseja garantir que a China não pareça fraca. O general teria planejando o confronto da semana passada como uma maneira de “dar uma lição à Índia”, de acordo com a fonte.
Mentiras do Partido Comunista Chinês?
O relatório de inteligência americana contradiz a explicação oficial do Governo do Partido Comunista Chinês sobre o que aconteceu na semana passada. O governo chinês havia alegado que o Exército Indiano foi quem provocou o ataque violando a fronteira da Linha de Controle Real (ALC) – que separa o território controlado pelos indianos do território controlado pelos chineses.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China e membro do Partido Comunista Chinês, Hua Chunying, acusou as tropas indianas de violarem o “consenso” e violarem os limites territoriais na região disputada de Jammu e Caxemira.
Ela escreveu no Twitter: “As tropas indianas da linha de frente quebraram o consenso e cruzaram a Linha de Controle Real, provocando e atacando deliberadamente oficiais e soldados chineses, provocando ferozes conflitos físicos e causando baixas”.
O confronto entre os dois exércitos levou à morte de pelo menos 20 soldados indianos e 35 chineses e foi o maior confronto militar em mais de cinco décadas.
Refutando as alegações de Pequim, as autoridades indianas disseram que o confronto foi resultado de “ação planejada” do Estado chinês.
O ministro de Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, disse: “O lado chinês tomou medidas premeditadas e planejadas, que foram diretamente responsáveis pela violência e vítimas resultantes. Isso refletiu a intenção de mudar os fatos no terreno, violando todos os nossos acordos, para não mudar o status quo”.
Jaishankar conversou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, após o ataque e os dois líderes concordaram em “acalmar” as tensões imediatamente.
Durante a ligação, o diplomata chinês sustentou que o ataque foi causado pelo exército indiano, violando o acordo. Ele afirmou que as tropas da fronteira indiana na linha de frente “quebraram flagrantemente o consenso” de nível militar entre os dois lados.
Yi exigiu que uma investigação completa fosse iniciada e sugeriu que os responsáveis fossem “severamente punidos”. Ele acrescentou: “O lado indiano não deve julgar mal a situação atual e não deve subestimar a vontade firme da China de salvaguardar a soberania territorial”.
Em um comunicado oficial, os dois lados concordaram em “manter a paz e a tranquilidade na área de fronteira”, conforme o acordo alcançado entre os dois países.
O confronto violento da semana passada foi a primeira vez, desde 1975, que China e Índia se envolveram em um confronto militar ao longo da ALC.
As tensões fronteiriças entre os dois países existem há mais de sete décadas, quando a China reivindicou o território no nordeste da Índia e Nova Délhi acusou Pequim de ocupar seu território no platô de Aksai Chin, incluindo parte da região de Ladaque, em Jammu e Caxemira.