NOVA JERSEY, EUA — Após 49 anos na prisão, Sundiata Acoli, 85 anos, o ex-membro mais velho dos Panteras Negras ainda preso, será libertado. A Suprema Corte de Nova Jersey, nos Estados Unidos, decidiu que ele não é mais um risco para segurança pública. Em novo parecer sobre o caso, os juízes do tribunal destacaram que Acoli tem uma ficha na prisão “exemplar” e que completou 120 programas de ressocialização atrás das grades.
Acoli, cujo nome de batismo era Clark Edward Squire, foi preso após um tiroteio em maio de 1973 que terminou com a morte do policial estadual de Nova Jersey Werner Foerster. O agente James Harper também ficou ferido. Ele foi considerado culpado no ano seguinte e condenado à prisão perpétua. Em sua defesa, Acoli disse que foi baleado no tiroteio e desmaiou. Quando voltou a si, encontrou o corpo de Foerster no chão.
Fundado em 1966, os Panteras Negras eram um grupo revolucionário nacionalista formado por negros que defendia a autodefesa armada, especialmente contra a polícia. Na época da prisão, Acoli estava viajando com Assata e Malik Shakur, dois membros do Exército de Libertação Negra, o braço armado do grupo.
O ex- Pantera solicitou por diversas vezes a liberdade condicional desde que se tornou elegível há 29 anos, mas o pedido sempre foi negado. Em 2010, um psicólogo designado pelo Estado determinou que Acoli havia expressado “profundo arrependimento” por seu papel na morte de Foerster e que era “hora de seriamente considerá-lo para liberdade condicional”. As observações do profissional foram repetidas pelo preso em uma audiência de liberdade condicional seis anos depois.
— Lamento profundamente as ações que ocorreram. Foram tempos turbulentos e temerosos — disse na ocasião.
Pelo menos 12 membros idosos dos Panteras Negras ainda estão presos nos EUA. Detida no mesmo dia que Acoli, Assata Shakur — anteriormente conhecida como JoAnne Chesimard — fugiu da prisão em 1977 e permanece foragida. Há suspeitas de que ela esteja em Cuba. Até hoje, ela consta na lista dos mais procurados do FBI.
Reações
O Comando da Polícia de Nova Jersey e o governador do estado, o democrata Phil Murphy, se posicionaram contra a libertação de Acoli.
“Estou profundamente desapontado com o fato de que Sundiata Acoli, um homem que assassinou o policial Werner Foerster em 1973, será libertado da prisão. Nossos homens e mulheres de uniforme são heróis, e qualquer um que tirar a vida de um oficial em serviço deve permanecer atrás das grades até o fim de sua vida”, disse Murphy em comunicado.
O coronel Patrick J. Callahan, superintendente da polícia estadual de Nova Jersey, disse estar “devastado com a decisão”. Ele entrou em contato com a víva de Foerster e informou que esla está “decepcionada” com o desfecho do caso.
“A libertação de Acoli não é apenas uma injustiça para a família Foerster e os homens e mulheres que servem na Polícia de Nova Jersey, mas para todos os policiais deste país que dedicam suas vidas pela segurança dos cidadãos que juramos proteger”, ressaltou em comunicado.