Que a política é tratada na Paraíba e no Brasil como ‘coisa de família’, todo mundo já sabe. É comum uma mesma família permanecer no comando de gestões por anos, às vezes décadas. Mas este ano, na cidade de Monteiro, uma das chapas parece ter exagerado na dose. A deputada federal Edna Henrique, do PSDB, teve o nome homologado ontem em convenção como candidata a vice da própria filha, Micheila Henrique, do mesmo partido.
É uma situação curiosa e que deve estar inquietando a cabeça dos moradores da cidade. Ora, Edna deixará mesmo a Câmara Federal, onde ainda tem pelo menos mais dois anos de mandato, para ser vice-prefeita em Monteiro por quatro anos? Ou está ocupando o espaço apenas para fortalecer a candidatura da filha e renunciará à vice-prefeitura, caso seja eleita?
Os apoiadores garantem que a escolha da chapa atendeu ao clamor popular…
A estratégia eleitoral do grupo pode até funcionar, mas demonstra de forma flagrante uma anomalia da política brasileira onde, muitas vezes, a política é entendida como atividade de uma, duas famílias ou três famílias.
A alternância de poder e a multiplicidade de alternativas, próprias das teorias democráticas, nem sempre fazem parte da prática eleitoral paroquiana. Em Monteiro, uma das chapas será ‘puro sangue’. Tanto no partido, o PSDB, como do ponto de vista biológico.