O presidente Jair Bolsonaro recusou, nesta 5ª feira (4) um convite do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, para se vacinar contra a covid-19.
A negativa foi feita durante a transmissão ao vivo que Bolsonaro faz semanalmente em suas redes sociais. Ele fez a live desta 5ª (4) ao lado de Torres, que usava máscara.
O presidente disse que acompanharia o momento em que Barra Torres fosse vacinado e perguntou se ele mesmo poderia aplicar o imunizante. O chefe da Anvisa respondeu: “Vai ter uma moeda de troca. Quero saber se o senhor está disposto [a ser vacinado]”. Bolsonaro riu e disse: “Sem contrapartidas”.
Pouco antes, o chefe do Executivo disse que a Anvisa não pode sofrer pressão nem interferência. A declaração foi feita horas depois de o líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), falar em “enquadrar” a Anvisa e agilizar o rito de aprovação das vacinas.
“A agência não pode sofrer pressão de quem quer que seja. Eu não interfiro em agência nenhuma”, afirmou Bolsonaro.
Barros havia afirmado que serão apresentadas medidas no Legislativo para que a Anvisa aceite registro de mais vacinas contra o coronavírus.
Atualmente, os 2 imunizantes com uso emergencial liberado no Brasil são a CoronaVac, desenvolvida na China e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e a criada pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a universidade britânica de Oxford –que será produzida pela Fiocruz. Mesmo assim, são licenças emergenciais para lotes específicos, e não definitivas.
“Apresentei projeto de decreto legislativo para suprimir exigência de fase 3 no Brasil. Anvisa acatou administrativamente”, declarou Barros. Fase 3 é a etapa final de testes no desenvolvimento de vacinas. Essa fase precisava ser realizada no Brasil, mas a Anvisa revogou a exigência, permitindo que esses estudos sejam feitos em outros países.
“Apresentaremos outras medidas para que as 11 vacinas já registradas e sendo aplicadas no mundo cheguem imediatamente ao Brasil com a segurança dos organismos internacionais”, disse Barros.