Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, manifestou preocupação com as eleições legislativas na Venezuela, marcadas para 6 de dezembro. Segundo ela, existem obstáculos à participação de partidos da oposição.
“Preocupam-me as decisões do Supremo tribunal de Justiça, que obstruem a liberdade de escolha dos representantes de 7 partidos políticos, e a designação não consensual dos membros do Conselho Eleitoral”, escreveu Bachelet no relatório sobre a Venezuela apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, segundo o jornal O Globo.
Bachelet disse que tem dúvidas na composição da Assembleia Nacional “sem 1 processo inclusivo de consulta prévia”. A alta comissária pede que o país continue com os esforços “para alcançar condições que garantem processos eleitorais com credibilidade, livres e justos”.
Em agosto, partidos de oposição ao governo de Nicolás Maduro anunciaram que vão boicotar as eleições presidenciais do país. As 27 legendas argumentaram que participar seria “colaborar com a estratégia da ditadura”.
Em 1 texto publicado no site da Assembleia Legislativa, os partidos disseram que as eleições serão manipuladas pelo partido socialista. O grupo afirmou que está “unido diante da grave crise humanitária e das violações maciças dos direitos humanos que nosso povo sofre, enfrentando as mais recentes ameaças totalitárias em defesa dos princípios democráticos de nossa constituição”.
Bachelet denunciou o “elevado número de mortes de jovens em bairros pobres em resultado de operações de segurança”. A alta comissária fez referência a mais de 2.000 mortos em 2020.
Ela disse que as investigações da Procuradoria Geral venezuelana “demonstram 1 padrão similar ao documentado pelo meu gabinete, pelo qual, após executarem as vítimas já neutralizadas, as forças de segurança as roubam e manipulam as provas para apresentar os fatos como 1 confronto”.
Bachelet disse estar também preocupada com a situação no país por conta da pandemia da covid-19. Ressaltou que 33% das mortes pela doença foram registradas entre funcionários de hospitais “devido, sobretudo, à falta de dispositivos de biossegurança e de água nos hospitais”.
“A imposição de sanções adicionais às exportações de diesel pode agravar ainda mais a já crítica escassez de gasolina e dificultar a distribuição de ajuda humanitária e de bens essenciais”, argumentou a alta comissária ao pedir o fim da sanção imposta pelos Estados Unidos.