Ainda que não existam estudos que determinem quais são as chances de passageiros se contaminarem com o novo coronavírus em viagens de avião, companhias aéreas viram o tráfego global cair quase 80% em julho de 2020, comparado ao do mesmo período no ano passado. Tais veículos precisam de uma ocupação de 70% a 80% para gerarem lucros, e muitos daqueles que continuam voando estão carregando apenas metade de sua capacidade máxima. Visando reverter o quadro, empresas do ramo estão se dedicando a pesquisar mudanças nas cabines para proporcionar segurança no transporte.
Mark Hiller, CEO da Recaro Aircraft Seating, alemã que produz acessórios para aeronaves, explica que são necessárias soluções fáceis de manobrar, leves e disponíveis a curto prazo. Entre elas, estão incluídos encostos de cabeça e barreiras de tecido entre os assentos que permitam acomodações livres de contato com outras pessoas e que, consequentemente, reduzam as chances de propagação da covid-19. “Há definitivamente um grande interesse de todas as regiões”, afirma o executivo.
Com as medidas, espera-se que o interesse do público aumente e que as operações atinjam um patamar melhor que o encontrado atualmente.
Detalhes perigosos
É possível que mais detalhes devam ser considerados, já que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA divulgou um estudo no periódico Emerging Infectious Diseases em que afirma ter encontrado evidências de que tais viagens são realmente perigosas.
No artigo, que avaliou a transmissão do novo coronavírus em um voo de evacuação da Itália para a Coreia do Sul no final de março, no qual 7 passageiros foram contaminados mesmo com o uso de equipamentos de proteção, descobriu-se que o surto pode ter ocorrido pelo uso compartilhado de um dos banheiros. Os infectados estavam em quarentena total por três semanas antes do evento.
De qualquer modo, a Recaro desenvolveu, também, um revestimento desinfetante para assentos. Segundo a alemã, a substância foi reformulada para repelir vírus, incluindo o Sars-CoV-2. “Mesmo que as companhias aéreas não comprem novos aviões, elas podem optar por cabines mais confortáveis ou adaptadas à covid”, finaliza Hiller.