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João Pessoa

Lidando com as frustrações da vida

Leia Eclesiastes 3: 1-11

Era um dia muito agradável, a família na praia curtindo o feriado. Muita alegria, com as irmãs e sobrinhos da Cristina, minha esposa, então o telefone toca, e recebemos a notícia de que o seu pai faleceu. De repente, um momento de alegria converteu-se em um tempo de pesar e luto. Ocasião de riso passou a um período de lágrimas e tristeza.

Eclesiastes é um livro sobre a vida, mas não é uma visão cor de rosa. Em vez disso, é uma percepção real e verdadeira, em um mundo decaído. Ele acaba com qualquer ilusão que possamos ter e nos força a entender duras realidades pertinentes a ela:

Não estamos no controle – vv.1-9 “Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.”  O poema nesses versículos é lindo, não é? Maravilhoso, porque mostra os fatos reais da vida. Não diz como a vida deveria ser, mas mostra como realmente ela é. Descritivo e não prescritivo. Revela como a vida se move de uma coisa para o seu oposto, às vezes em questão de segundos, ao toque estridente do telefone, à batida de uma porta.

A epopeia capta o ritmo e a regularidade da vida, mas ao mesmo tempo há certa inevitabilidade e uma desordem. O texto nos deixa sem saber se essas coisas que ele descreve são boas ou más. Os eventos simplesmente acontecem. Assim é a vida, não é? É por isso que o poema é tão poderoso! Não sabemos se metade das situações que nos advêm são boas ou más, positivas ou negativas. Mesmo nas coisas ruins, às vezes vem o bem. Os eventos da vida não podem ser categorizados de forma simples, mas sabemos que eles sucedem. Podemos desejar que a vida seja cheia de alegria e risos, mas não precisamos viver muito para perceber que não é sempre assim.

As palavras do sábio são reconfortantes e também desconfortáveis. Reconforta por causa da honestidade, anunciando a vida como realmente ela é. Nada mais agradável do que a verdade! No entanto a autenticidade sobre a vida é desanimadora, porque nos lembra de que não estamos no controle. O fluxo e refluxo da vida de uma coisa para a outra não estão em nossas mãos. Não podemos dizer o que irá acontecer amanhã, ou mesmo daqui a poucos minutos. Á medida que o fluxo da vida avança, tudo o que sabemos é o que o poeta sabe: Existe um tempo para fazer isso, e um tempo para fazer aquilo. Então, surgem as grandes questões: Se não estamos no controle, que ganho há com o trabalho de viver? Qual é o sentido de fazer alguma coisa? Se construirmos, haverá um tempo para destruir, se recebemos vida, chegará um momento em que ela será tirada. Que lucro há na vida?

Nos versículos dez e onze, o Pregador observa que a tarefa dada por Deus à humanidade é estar ocupada, vivendo de acordo com os tempos, que Ele nos traz. Portanto, se é hora de lamentar, lamentemos, se é hora de rir, vamos sorrir. Quando o telefone tocou naquele feriado, nossa alegria se transformou em luto. Isso era certo e apropriado, não precisamos pensar acerca disso. Só um tolo tenta viver fora do tempo em que se encontra. O sábio vive de acordo com os tempos. Não estamos no controle da vida, se formos honestos, admitiremos essa verdade.

Sabemos que existe um quadro maior – “Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender.”  (v.11). Deus nos fez de tal forma que sabemos que há algo mais do que apenas viver em resposta aos tempos que vêm em nosso caminho. Temos esse desejo profundo de ver como o que fazemos na vida se encaixe em um quadro maior. No entanto por mais que tentemos, não podemos ver o quadro geral. Deus, em sua soberania, limitou nosso entendimento de forma que não podemos entender o grande esquema das coisas. É como se tivéssemos sido jogados em um labirinto, e então começássemos a andar sem um mapa, não sabendo ao certo onde estamos e até aonde vamos. Vemos apenas o entorno imediato, mas não sabemos onde fica a entrada ou a saída. Não entendemos como as curvas que tomamos se encaixam no resto do labirinto, mas sabemos que existe o quadro maior, mas não podemos vê-lo. A vida é um pouco assim, não é?

Não é nenhuma trama maldosa criada por Deus, mas apenas sua ação para mostrar o nosso lugar, lembrando-nos de que somos suas criaturas e Ele é o criador. Quando compreendemos essa verdade, a vida não se torna frustrante, pois sabemos que existe uma questão maior, mesmo que não possamos compreendê-la agora.

Portanto naquele feriado, de alguma forma, o júbilo, que se transformou em dor, se encaixa no esquema mais grandioso das coisas. Nossos risos e brincadeiras se adaptam ao quadro geral, que se estende do início ao fim dos tempos. Parte de mim gostaria de saber como, e perguntar: por quê? Mas essas são perguntas, a que não tenho resposta, e são indagações para as quais nenhuma explicação pode ser dada no âmbito humano.  É isso que o livro de Eclesiastes nos ensina, ele nos desperta para a realidade da vida,  de que não estamos no controle, todavia nos lembra que existe um quadro maior que está além do nosso alcance. Assim, não precisamos ficar frustrados com os acontecimentos da vida, pois Deus está no controle de todas as coisas, no final desfrutaremos da glória de sua criação.

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