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João Pessoa

Violência doméstica, como agir?

Leia 1 Pedro 3: 1-8

Com a prática do isolamento para diminuir o contágio da corona vírus, as famílias estão reclusas em suas casas, em face disso, cresceu assustadoramente o número de violência doméstica. Milhares de mulheres e filhos são violentados em seus lares. Na posição de comunidade cristã, somos chamados a nos posicionarmos diante de tal atrocidade. Vivemos em um mundo decaído, numa cultura saturada de violência.

No texto supracitado, o apóstolo Pedro encoraja as esposas a não “se entregarem ao medo”, porém muitas mulheres vivem com medo de seus maridos, porque estes distorcem os ensinamentos bíblicos. Por isso, é necessário esclarecer o que o Apóstolo está ensinando em sua epístola. As instruções são para que as esposas respeitem a autoridade de seus maridos, não a perversidade, a fim de promover a harmonia no seio da família. Ele não está sugerindo que as mulheres tolerem ser objetos de violência. A submissão não significa obediência cega, indolência, inferioridade, ignorar a consciência ou submeter-se a abusos, e muito menos desobedecer a Deus. A harmonia no lar envolve dar e receber, quando um cônjuge simplesmente cede ao mau trato todo o tempo, para evitar conflitos, amargura e ressentimento costumam ser o resultado.

Os maridos são orientados a serem atenciosos e respeitosos com suas esposas. Um homem piedoso deve esforçar-se para atender às necessidades de seu cônjuge com os seus dons e incentivá-la em seu desenvolvimento pessoal e espiritual. Maridos não têm o direito de ser grosseiros e desumanos. Infelizmente, muitas vezes somos mais educados com pessoas estranhas do que com os membros de nossa própria família.

O abuso geralmente resulta de um desejo inseguro por poder e controle. Recordo-me da história do marido que não permitia que sua esposa fosse à empresa onde trabalhava, com a  intenção de mantê-la no isolamento, totalmente dependente dele. A razão desse indivíduo em manter sua esposa “separada” era o medo de ela se tornar mais forte do que ele, ficando independente e o abandonasse. Esse comportamento de controle pode assumir várias formas: coerção, retenção de dinheiro e informações, isolamento, ameaças, intimidação, exposição ao ridículo, ciúme, domínio da verdade, e muitas outras. Eventualmente, essa insegurança pode levar a abusos físicos e a falsa alegação de que a vítima provocou e mereceu. Os agressores costumam afirmar que eles são as vítimas, pois são egocêntricos e possuem baixa autoestima.   Pergunte a um agressor: “o que ocorre quando você bate no seu chefe no trabalho?” Certamente ele dirá: “não faço isso.” Ele usa efetivamente as habilidades de controle de sua raiva no trabalho, mas não sente constrangimento em não praticá-las em seu lar, onde libera todo o arsenal de suas frustrações, a ponto de cometer violência física contra as pessoas de sua convivência.

Ao chamar a mulher de “parte mais frágil”, Pedro está apontando para sua feminilidade, não inferioridade. Elas devem ser protegidas e apreciadas, não agredidas. Era um ensino difícil naquela época, qualquer homem ficaria horrorizado com a admoestação do apóstolo de ser “atencioso”, “honrar” e “tratar a esposa com respeito”, considerando-a como igual “parceira” , “companheira e coerdeira do dom da graça da vida.” Eugene Peterson faz o seguinte comentário do versículo 7: “Como mulheres, elas carecem de algumas vantagens, mas, na nova vida da graça de Deus, você é igual. Trate suas esposas, então, como iguais, para que as suas orações não fiquem encalhadas.” Se os maridos desejam que suas orações ultrapassem o teto e sejam eficazes, seria prudente tratarem com elevado apreço suas esposas. Um relacionamento saudável com Deus depende do convívio saudável com os outros. Jesus nos advertiu que, se tivermos problemas com alguma pessoa, precisamos primeiro resolvê-los, para depois prestar culto a Deus.(Mt 5:23-24). Se os homens maltratam suas esposas, não devem esperar que Deus ouça suas orações. Pedro nos exorta a viver em harmonia em nossos lares.

Como igreja cristã, precisamos alcançar as pessoas afetadas pela violência familiar, oferecendo-lhes conforto, aceitação, apoio e recursos. Os sobreviventes de abuso precisam experimentar nosso amor, antes de acreditar em nossa confissão. Necessitamos oferecer-lhes uma direção espiritual, e não críticas. Uma comunidade cristã, que possuía um grupo de apoio às vítimas de violência domestica, recebeu uma senhora que se declarou ateia. Como lhe mostraram aceitação incondicional, ela se convenceu não apenas de que havia um Deus verdadeiro, bem como de que Ele precisava ser o centro de sua vida. Os irmãos a acolheram como parceira na luta contra o mal e pela justiça. Entenderam que seu ateísmo não era fruto de raciocínio intelectual, mas um protesto contra o sofrimento que havia vivenciado. Sua chegada à fé foi o resultado do acolhimento carinhoso daquela comunidade.

Que o Senhor nos conceda sabedoria e disposição para ajudar aqueles que sofrem com a violência doméstica e qualquer outro tipo de sofrimento.

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