Uma testemunha registrou o momento em que os militares colocaram o perito papiloscopista Renato Couto, de 41 anos, dentro de uma van da Marinha do Brasil, em um ponto próximo à Praça da Bandeira, na zona norte do Rio de Janeiro. Renato já estava baleado, mas ainda com vida.
O Metrópoles teve acesso às imagens. Veja (cenas fortes):
Renato foi agredido, baleado na perna e no abdômen e jogado no Rio Guandu, na Baixada Fluminense, ainda com vida, segundo o laudo do Instituto Médico Legal. O corpo de Renato foi encontrado pelos bombeiros na manhã de segunda-feira (16/5).
No vídeo, é possível ver pelo menos três homens imobilizando o perito que, em certo momento, parece ser agredido.
O registro mostra que a vítima também recebe uma espécie de chave de braço. Em seguida, é possível ver o grupo entrando na van e dando partida.
Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, e mais dois colegas de farda, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares, foram presos na madrugada de domingo (15/5), junto com Lourival Ferreira de Lima, dono do ferro-velho em que o perito tentou recuperar seus materiais roubados.
Bruno é chefe do setor de transportes do primeiro distrito naval e usou a van cinza, da Marinha do Brasil, para transportar o corpo. Segundo a Polícia Civil, o veículo foi lavado com cloro três vezes após o crime.
Entenda o caso
Renato foi morto na última sexta-feira (13/5) após tentar recuperar materiais de construção furtados de sua casa que estava em obra. Desde dezembro ele já tinha feito sete boletins de ocorrência sobre o furto do material, até que achou o ferro-velho de Lourival Ferreira de Lima, na praça da Bandeira, zona norte do Rio.
Horas antes da morte, Renato foi até o ferro-velho e discutiu com Lourival. Segundo as investigações, após essa briga, o dono do ferro-velho teria concordado em devolver os materiais e ressarcir o prejuízo do policial.
Mais tarde, quando Renato volta para buscar o combinado, ele se deparou com uma emboscada. Lourival, o dono do ferro-velho, chamou seu filho, Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, e mais dois colegas de farda, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares. Os quatro foram presos na madrugada de domingo (15/5).
O dono do ferro-velho e os militares são acusados do homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Em nota, a Marinha do Brasil disse que tomou conhecimento, na noite de sábado (14/05), sobre uma ocorrência, com vítima, envolvendo militares da ativa do Comando do 1º Distrito Naval, objeto de inquérito policial no âmbito da Justiça comum.
Os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça. A Marinha lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida, a honra e os princípios militares.
A Marinha reforça, ainda, que não tolera tal comportamento, que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e informa que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência.