A Central Estadual de Transplantes, por meio da clínica-escola da Unifacisa, em Campina Grande, realizou na última semana um transplante considerado raro. Foi um transplante de córneas que precisou ser precedido de um transplante de células tronco do limbo da conjuntiva.
O mais emocionante nessa história é que paciente e doador são mãe e filho. Maria Lopes de Sousa tem 40 anos e apresentava um problema na visão em que a córnea, dos dois olhos, estava coberta por uma membrana vascularizada, impedindo que ela enxergasse. Emanuel de Sousa Alves, de 19 anos, filho de Maria, foi o doador compatível. Os dois moram em Itaporanga, no Sertão paraibano.
Sob a condução do oftalmologista Diego Gadelha, o primeiro procedimento foi realizado seis dias antes do transplante de córneas, no Hospital da Visão, em Campina. Foi nessa fase em que o filho entrou em ação ao fazer a doação de células tronco da conjuntiva. “Foi preciso fazer anteriormente o transplante de células tronco, com a retirada da conjuntiva do filho, para poder preparar para o transplante, porque não havia condições antes da superfície receber a córnea”, explicou o especialista.
Após a primeira cirurgia, foi realizado o cadastro de Maria Lopes junto à Central Estadual de Transplantes como receptora de córneas, vindas de um doador após a morte. O pedido foi atendido como prioridade. O procedimento foi realizado, com sucesso, no último dia 17 de junho.
No retorno ao consultório, Maria, emocionada, já relatava estar enxergando. O filho, Emanuel, falou sobre o gesto de amor pela mãe. “Pela minha mãe eu daria a vida, uma pequena parte do meu olho não é nada demais pra mim, mas pra ela foi muito importante”, contou.
De acordo com a chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Carvalho, atualmente 419 paraibanos aguardam na fila por uma doação de córneas, e de janeiro a junho deste ano foram realizados 61 transplantes do órgão no estado. “ O aumento no número de doações e transplantes de córneas na Paraíba se dá através de trabalhos como o de Dr Diego, e de outras equipes que vêm desempenhando um papel fundamental junto à equipe do banco de olhos do estado, mas ainda é preciso que mais pessoas se proponham a ser doadoras”, explicou.