Um professor universitário foi demitido após fazer um comentário sobre estupro durante uma aula remota para alunos do curso de engenharia da produção da Uniguaçu Centro Universitário, de União da Vitória, na região sul do Paraná.
A instituição de ensino anunciou o desligamento na noite de sexta-feira (19).
“É algo, meu amigo, que você tem que se adaptar. Desculpe, meninas, sei que é chulo o que eu vou dizer, mas é aquele ditado: se o estupro é inevitável e iminente, relaxe e aproveite”, afirmou o professor Ricardo Germano Efing.
De acordo com uma aluna que assistiu à aula, mas não quis se identificar com medo de sofrer alguma represália, o comentário foi feito durante uma aula da disciplina de ergonomia, para uma turma do quinto período.
Em nota, o professor afirmou que o vídeo contém um “fragmento descontextualizado da aula”. Ele afirmou que falou a frase ao exemplificar uma situação, mas disse que reconhece que a expressão “se mostra integralmente inapropriada e que não poderia ser aceita com naturalidade ou indiferença”. Veja mais abaixo a nota na íntegra.
O comentário foi feito durante uma aula transmitida no dia 12 de março. No dia seguinte, no sábado (13), um trecho com a frase foi gravada, e o vídeo viralizou nas redes sociais.
Outra instituição onde o professor dava aula, o Centro Universitário Campo Real, de Guarapuava, na região central do estado, também informou, na manhã deste sábado (20), que Efing foi desligado.
Demissão
A Uniguaçu informou que pediu desculpas à turma por meio do coordenador do curso assim que soube do comentário. Paralelamente, iniciou o processo administrativo para averiguar o caso e, na sexta-feira (19), demitiu o professor.
Segundo a instituição, Efing pediu desculpas à turma após alunos reclamarem com a coordenação do curso.
A instituição informou “preza pelos valores de integral respeito, empatia e promoção da defesa da mulher, e não tolera nem compactua com quaisquer condutas de desconsideração de tais princípios em seus ambientes de ensino.”
O Centro Universitário Campo Real, onde o professor também dava aula, informou que “tendo tomado conhecimento na noite de 19 de março sobre manifestação proferida por professor das Coligadas UB durante aula, imediatamente deliberou sobre as medidas administrativas cabíveis para o desligamento do professor.”
A instituição afirmou que “reitera que preza pelo respeito à mulher e não tolera condutas de desconsideração a qualquer de seus direitos em seus ambientes de ensino”.
O que diz o professor
O professor Ricardo Germano Efing se manifestou através de uma nota:
“Tendo em vista os acontecimentos advindos da divulgação de vídeo contendo pequeno fragmento descontextualizado da aula transmitida via Internet em razão das medidas impostas pela pandemia do COVID-19, gostaria de esclarecer, com integral respeito, o que segue.
Ao exemplificar uma situação, foi utilizada expressão popular que, após a devida reflexão, se mostra integralmente inapropriada e que não poderia ser aceita com naturalidade ou indiferença. Não se pode deixar de reconhecer o machismo estrutural presente em nossa sociedade que, infelizmente, reproduz comportamentos os quais devem ser devidamente enfrentados de modo construtivo, para que todos possam aprender e progredir para uma sociedade mais respeitosa e igualitária. Reconhece-se este erro e será buscado o necessário aprendizado com essa situação.
Feita esta reflexão, entende-se que a trajetória acadêmica e a carreira no magistério não podem ser avaliadas por uma expressão isolada. Expresso desde logo meu pleno respeito à todas as mulheres, jamais pretendendo ofendê-las ou agredi-las. Externo minhas mais sinceras desculpas e fico à disposição para prestar os esclarecimentos devidos no sentido de ser desfeito este lamentável fato“.